sábado, junho 30, 2007

13 anos de esperança e fome de justiça

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Ontem (*) tive o privilégio de participar no jantar que reuniu em Almada dezenas de amigos do Luís Miguel Figueiredo – o jovem que, há 13 anos, foi atingido por uma bala junto ao viaduto do Pragal, perto das 3 horas da madrugada que sucedeu ao buzinão e grande bloqueio da “Maria da Ponte”. Entre vários depoimentos que nunca cheiraram a “discurso”, destaco o poeta e resistente antifascista Alexandre Castanheira, do Laranjeiro, que retratou em verso a atitude corajosa e o amadurecimento do Luís Miguel face aos obstáculos que a vida lhe vem colocando.

Aquele São João de 1994 marcou, de forma indelével, a vida das gentes de Almada, da Margem Sul e do país. Aos 18 anos, o Luís iniciara-se nas lides de servente da construção civil. A curiosidade que o atraiu (a ele e a milhares de jovens) ao teatro dos acontecimentos foi uma espécie de atracção fatal. Estava, estávamos, muito longe de adivinhar aquele cenário de terror: 25 balas disparadas à queima-roupa, do outro lado da rua, uma das quais o haveria de prostrar à porta da SRUP – a velhinha Sociedade Recreativa União Pragalense.

Dias depois, na primeira visita que a primordial Comissão de Utentes da Ponte 25 de Abril lhe fez, no Hospital Garcia de Orta, a primeira pergunta do Luís Miguel revelava a têmpera do seu carácter: “Então, valeu a pena? Quando é que acabamos com a maldita portagem?” Ninguém lhe podia responder com exactidão. Mas aquele momento único selou o pacto de solidariedade entre uma luta que iria conhecer patamares inéditos em Portugal – de verdadeira desobediência civil – e a primeira vítima da repressão brutal que mobilizou as forças de choque do regime e as “secretas”, herdeiras da velha PIDE, contra a cidadania emergente na transição do século e do milénio.

É certo que a portagem ainda não acabou; mas a vida do Luís nunca mais foi a mesma. A luta pela reabilitação física terá limites, mas não está terminada; e, do ponto de vista psicológico e humano, sobretudo, o Luís Miguel fez um percurso gigantesco, proporcional aos quilómetros já percorridos e planeados: na longínqua e misteriosa China, submeteu-se durante quase um ano a terapêuticas de massagem e de acupunctura, descobrindo o mundo maravilhoso da pintura, das telas e dos pincéis; desenvolveu um estilo próprio e conquistou, por direito próprio, um lugar em dezenas de exposições individuais e colectivas, de Norte a Sul do país. As rotas da reabilitação poderão passar ainda por Cuba ou pelo Japão: o mundo tornou-se, definitivamente, o horizonte do Luís Miguel.

A par deste percurso de crescimento pessoal, as batalhas pela justiça não foram descuradas: não só a reparação possível dos danos causados mas, acima de tudo, para que crimes desta natureza não mais sejam possíveis nem fiquem impunes neste país onde Abril tem apenas 33 anos. Do ponto de vista criminal, o processo chegou a um impasse, apenas porque não se conseguiu determinar o nome de quem puxou o gatilho que disparou aquela bala; mas não restou a mínima dúvida de que ela partiu das forças policiais: os próprios agentes da PSP de Almada assumiram a autoria dos 25 disparos. Resta o processo de indemnização cível: neste plano, a responsabilidade do Estado é absolutamente incontornável. Depois de todo o calvário processual, as alegações finais no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa foram há um ano; mas a sentença continua por lavrar…

Os caminhos da Justiça são lentos, às vezes parecem insondáveis. Mas um Estado que se preza e se diz de direito não pode ser irresponsável. Até porque, se não conseguiu identificar o autor material do disparo, sabe-se quem foram os seus mandantes, os responsáveis políticos e executivos: Ferreira do Amaral, o autor do projecto de engenharia financeira que despoletou a revolta da Ponte; Dias Loureiro, ao tempo ministro da Administração Interna; e, acima de todos eles, o primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, hoje em dia “o primeiro magistrado da nação”, isto é, a figura de proa deste Estado que devia ser uma pessoa de bem mas que não dá mostra de sê-lo, nem de parecê-lo.

Depois de 13 anos de impunidade, cabe a todos nós exigir Justiça para o Luís Miguel, confrontando os governantes da época e os sucessores com as suas responsabilidades. Respondendo de novo à primeira pergunta que o Luís nos dirigiu: “Valeu a pena?”. Hoje com 31 anos e uns quilitos a mais, ainda não andas sobre as tuas pernas, mas encaras a vida de frente. É certo que a maldita portagem continua lá, como símbolo de injustiça e uma bomba ao retardador, pois “o povo do deserto” não esquece: ainda há dias, um sonoro buzinão deu a resposta apropriada a um ministro insolente.

(*) - Esta crónica oral foi lida, em 26/06/2007, aos microfones da Rádio Pax.
No entanto, só hoje - 30/06/2007 - passou à forma escrita, por absoluta falta de tempo.

A quem interessar, está a decorrer um processo de legalização de imigrantes - chamado "convolação de vistos" - que tenham entrado em Portugal (ou no espaço Schengen) há mais de seis meses, como processo de transição para a nova Lei de Imigração, já aprovada na Assembleia da República mas ainda não publicada no DR nem regulamentada.

Para estes imigrantes, já não é necessário irem buscar o Visto ao país de origem: basta um contrato de trabalho visado pela IGT e a inscrição na Segurança Social, acompanhados de uma exposição, preferivelmente encaminhada por uma associação de imigrantes, CNAI ou CLAI.

Como calculam, tem sido um corrupio, em especial por parte dos nossos irmãos brasileiros (mas não só). Está na hora, até porque as normas que regem este período de transição não são claras nem estão escritas; e há pressões de sentido oposto, resistências xenófobas e até de extrema-direita. Por isso não podemos afrouxar a pressão desta margem...

É provável que, nas próximas semanas, estas crónicas fiquem pela oralidade e não cheguem à maioria de vós. Não se preocupem, está tudo a andar... e é por uma boa causa!

sexta-feira, junho 29, 2007

Assembleia Municipal

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IGAT propõe dissolução da Câmara de Setúbal

Afinal os rapazes andam aí, vamos a ver quando é que toca ao nosso concelho.

Do Bocage Acordou:

O relatório da IGAT sobre o caso das alegadas reformas fraudulentas de funcionários da Câmara de Setúbal, que já foi entregue ao executivo camarário, propõe a dissolução da autarquia comunista, noticia o Sol.

A Inspecção-Geral da Administração do Território propõe a dissolução da Câmara de Setúbal no caso das alegadas reformas fraudulentas de funcionários da autarquia, mas o PCP e o PSD vão segurar a autarquia, votando desfavoravelmente o relatório da IGAT.

O PCP vai votar contra a proposta de dissolução da câmara, por "várias razões", mas uma delas é a de que "não há prova de conluio entre a autarquia e os funcionários" que deram faltas injustificadas, para, segundo a acusação do IGAT, obterem a reforma antecipada, defende Odete Santos.

O mesmo sustenta o PSD. O vereador e líder da concelhia de Setúbal, Paulo Valdez, afirmou também ao SOL que, pela análise do relatório, "não se constatou que haja concluio entre os trabalhadores e as chefias" e "não há provas fundamentadas". "Não chegámos à conclusão a que chegou a IGAT", insistiu o vereador, enquanto que o presidente da distrital, Bruno Vitorino, vai mais longe e considera que "o interesse da população de Setúbal" justifica que não haja novas eleições, insurgindo-se contra a "histeria quase colectiva" de deitar abaixo os executivos camarários.

O PS, contudo, é a favor da dissolução da Câmara. Para o presidente da federação de Setúbal, Vítor Ramalho, esta é uma "questão política e não jurídica". "A situação da câmara é de degradação financeira, degradação de relações humanas e de ausência de projecto", afirmou ao SOL.

quarta-feira, junho 27, 2007

Gogol Bordello em Sines e em Paredes de Coura

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"Depois do desastre de Chernobyl, Eugene Hütz viaja durante sete anos pela Europa para fugir à radioactividade. Essas viagens dão-lhe um conhecimento profundo da música e da opressão do povo cigano. A ideia de inseminar a música Rom com a vibração punk começa no Velho Continente, mas é em Nova Iorque, para onde emigra nos anos 90, que se consuma em definitivo. Aí, em 1999, junta-se a dois russos no violino e acordeão, duas vozes / percussionistas de ascendência asiática, um guitarrista e um baixista israelitas e um baterista americano, para formar uma banda que passa depressa da animação de casamentos para os melhores clubes da Big Apple. “Frontman” imparável, Hütz inventa uma música de protesto com referências ciganas, punk e dub-reggae, mas também laivos de metal, cabaret e klezmer. Melhor grupo das Américas nos últimos prémios da BBC Radio 3, os Gogol já têm três discos (o último e, talvez, melhor, é “Gypsy Punks Underdog World Strike”, de 2005), mas não há como vê-los ao vivo. Com um novo disco em fase de lançamento exactamente quando vêm a Sines, a fechar o FMM no Castelo, com fogo-de-artifício, Sines terá esse privilégio."

Os Gogol Bordello são constituidos por:
-Evgeny Nikolaev (Hütz), voz e guitarra
-Oren Kaplan, guitarra
-Yury Lemeshev, acordeão
-Sergey Ryabtsev, violino
-Eliot Ferguson, bateria
-Pamela Racine, dança e percussão
-Elisabeth Sun, dança e percussão
-Thomas Gobena, baixo

Fiquem com um cheirinho do que estes Gogol Bordello são capazes:







Programa do FMM Sines aqui.

Programa do Paredes de Coura aqui.

Para aceder ao MySpace dos Gogol Bordello clique na imagem em baixo.

terça-feira, junho 26, 2007

A arvore dos Patafurdios?


Sim, já parece a letra do tema daqueles bonecos que cantavam:
"(...)Por incrível que pareça,
Não há nada que não nos aconteça.
Oh sorte malvada,
Que vida desgraçada(...)"

segunda-feira, junho 25, 2007

Uma Mentirazita, até dá Jeito...

Recordo-me do nervoso e destempero que ocorreu na Moita, quando alguém se lembrou de denunciar a enorme aldrabice do Círio promovido no Centro Náutico Moitense.

Relevando os impropérios à suposta pessoa que então "incriminaram", recordo-me dos fundamentos a que recorreram e dos valores da Fé então invocados.

Até hoje, os documentos históricos apresentados não fundamentam a existência de tal Círio, facto que demonstra que as recentes iniciativas realizadas não correspondem à retoma de uma tradição, ou á reposição de referências do passado. Acontecendo até, que alguns dos animadores argumentam que " a bem da actividade náutica do Tejo e reabilitação das embarcações tradicionais, uma mentirazita só ajuda".

Perante isto e sem perceber qual a relação entre aldrabíces e embarcações, e tão pouco que envolvimentos por esta via possam beneficiar o desenvolvimento desta actividade, lembro que ao invés desta irracionalidade, teria sido melhor que os crentes naturalmente motivados pela Fé, tivessem fundado um Círio, neste caso de adoração e homenagem à S.tª da Atalaínha, libertando-se do pecado de tamanhas heresias, merecendo assim, senão o acordo o respeito de todos.

Porque não foi assim, resta a esperança de que o referido Círio consiga da Stª da Atalaínha, o brilhante milagre de desaçoreamento do malogrado "Espelho de Água", garantindo que daqui a 2 ou 3 anos as embarcações ainda tenham acesso ao Cais da Moita.

Como não acredito em milagres, preferia que surgisse a partir do Centro Naútico um movimento cívico a exigir a destruição do dique, estúpida engenharia e respectivas responsabilidades, e a reposição do velho Cais com a tecnologia Fenícia que lá estava - é que a limpeza faz-se na vazante.

domingo, junho 24, 2007

Ultrapassou as Expectativas

Realizou-se ontem, sábado 23 de Junho, a XII Assembleia da Freguesia da Moita do PCP, na biblioteca da municipal.

Sem ainda ter qualquer informação sobre como decorreu, nem tão pouco conhecer a Ordem de Trabalhos, apraz-me referir que ontem por volta das 15 horas era impensável transitar ou estacionar nas proximidades da biblioteca - a forte mobilização observada, onde muitos militantes no exterior lamentavam a exiguidade do local escolhido, gerou curiosidade na população, aguardando-se por isto e a todo o tempo, a divulgação pública da Resolução Politica aprovada naquela Assembleia.

sábado, junho 23, 2007

Lobistas de Lobo?

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Epá, já é tarde? Para quê?

Não se assustem, não tem nada a ver com o nosso Presidente Lobo (da maneira que isto anda dá para assustar), mas sim com o primeiro seminário de Lóbi em Lisboa, na página 41 da edição impressa do Semanário Económico.

Conta o Semanário Económico: "Lobbing 1º Seminário de Lóbi em Lisboa antecipa presidência portuguesa da UE e pressiona a favor da transparência da actividade.
Lobistas avisam que já é tarde para influenciar a agenda portuguesa.
A presidência portuguesa do Conselho Europeu vai trazer “milhares de lobistas para um país onde a actividade não está regulamentada!”. Preparar seis meses de presidência leva pelo menos dois anos, sendo já tarde para fazer pressão para introduzir novos temas na agenda. Entretanto, a Iniciativa Portuguesa da Transparência, que apresenta propostas para a regulação ética e profissional, da actividade de lóbingue – já adoptada noutros países – em breve vai estar disponível on-line."

sexta-feira, junho 22, 2007

O Senhor pode ajudar?

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Diz a Senhora: Arranjam armadilhas à gente que só visto!
Pensei eu para com os meus irónicos botões : Certamente que sim!

quinta-feira, junho 21, 2007

Surdina? Não!!!

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Bem que alguns gostavam, mas é até não ter voz.

Trancas nas portas??

É o que parece.
Depois da C.M.Moita ter sofrido a busca por parte da Judiciária, onde material informático foi apreendido para investigação, passados alguns dias as instalações da C.M.Moita foram visitadas novamente por "amigos do alheio", que conseguiram entrar em vários edifícios das instalações camarárias, amealhando cofres, computadores, uma viatura e sabe-se lá o que mais (onde é que andam os vigilantes*?).
Consigo afinal, entender o porquê do sôr presidente negar as instalações à população que por meio de oficio as pediu para desenvolver actividade interessante e na berra.

Conta em pormenor o Blog do BE Moita que tomou uma posição e o Blog da Várzea que efectuou o pedido de cedência das instalações.

Trancas nas portas pois claro. Há que evitar novas surpresas.

*Vigilantes: Maralha que aquando das autárquicas, infestavam os blogs da região com ameaças e outras promessas.

O Triângulo, Estado/Igreja/Privados

Pouco tempo após a Revolução de Abril, por métodos discretos, as operações de trespasse do poder do Estado e de retalhe e partilha do País, nunca pararam.

Mas hoje, de forma menos discreta assiste-se à sua aceleração conduzida pela politica das ditas "reformas"promovida pelo PS/Sócrates. Aceleraram as iniciativas de oferta, venda e aluguer do que resta das riquezas públicas nacionais, conquistas de aplicação universal como o Ensino, o Poder Local, a Segurança Social e a Saúde.

Por exemplo a Saúde, está já ao alcance do Grupo Espirito Santo, da Rede Nacional de Saúde Privada, do Grupo Mello-Saúde e do maior cliente de todos que é a Santa Madre Igreja, na sua vertente sóciocaritativa.

No Triângulo negocista, Estado/Igreja/Privados, em que o angélico Sócrates gosta de estar, o vértice mais poderoso é de facto o da Igreja - em 1990 detinha na área da assistência social 1303 instituições e na área da saúde 4191, num acréscimo de mais de 50% em relação à década de 70. (estes nºs não integram as Misericórdias)

Para perceber isto, para perceber como é que a Santa Madre arranja têtas para isto tudo, é preciso decifrar no Orçamento de Estado de cada ano, os milhões de contos agora euros com que sempre se alimentou.

Podem dar saltos e pinotes, dizerem que isto é heresia, que é tudo mentira. Mas estes são os factos que se por um lado demonstram a gula negocista da Santa Madre, em concorrência com Mellos e Espirito Santos, por outro, demonstram que o Angélico Sócrates interiorizou e cumpre a ancrónica doutrina "RERUM NOVARUM" que o papa Leão XIII publicou em 1891 - " as posições da Igreja baseiam-se no reconhecimento da inevitabilidade das desigualdades, na aceitação do trabalho e do sofrimento como punições do homem."

O Senhor 1º Ministro pode até não ser engenheiro, mas Angélico e Caridoso, lá isso é.

segunda-feira, junho 18, 2007

Câmara Municipal outra vez assaltada

é o 2º assalto em poucos dias ás instalações da Câmara Municipal da Moita. Os larápios demonstram simpatia pela informática, pois desta vez não levaram apenas discos rígidos, levaram cerca de 16 computadores, com a particularidade de usarem uma carrinha dos respectivos serviços no seu transporte. A carrinha já foi encontrada, mas dos computadores não existem pistas.

A Câmara deste concelho está a dar muito trabalho à Judiciária... ...

domingo, junho 17, 2007

Repressão em EUSKADI

Conheço EUSKADI, conheço a ancestral resistência cultural daquele povo à dominação exterior, à perca de identidade - apesar da violência das guerras, da repressão e habilidosa politica franco/fascista seguida da doçura democrática à europeia.

O apêgo à sua identidade transcende a filiação e simpatias partidárias, sendo frequente nestas organizações o recurso a quadros de curtas ou inexistentes raízes culturais para garantirem algum funcionamento - a desconfiança em relação aos que dão como adquirido o domínio do estado espanhol é grande, determina a existência de um fosso enorme, até no seio dos tradicionais eleitores dos Partidos que integram o "Estado Espanhol".

A luta do Povo Basco, não se consegue perceber e analisar em duas penadas como a comunicação social em conformidade com o "Estado Espanhol" por aí divulga. Não se resume ás actuações da ETA ou ao seu aniquilamento, é muito mais do que isto, e ainda mais se descobrirmos que Espanha não é uma nacionalidade.

Arnaldo Otegi, dirigente e porta-voz do ilegalizado Partido BATASUNA, foi preso. Otegi, figura que recentemente o 1ºministro José Zapatero qualificou "um homem de paz", que nunca ninguém provou tratar-se de um operacional da ETA, de estar envolvido directa ou indirectamente em operações daquela organização, foi preso no dia 8, neste paraíso da liberdade e dos direitos humanos que é a União Europeia.

Apesar disto, não tenho dúvidas que acabará por concretizar-se um acordo politico que porá fim a este conflito, em que Euskadi deixará de ser um país sob o domínio do Estado Espanhol.

Desculpe-me Senhor Presidente

Por em tantos anos não me aperceber da sua enorme sabedoria, desculpe-me se a sua infindável cultura o permitir - é que Vossa Excelência não é apenas mais um Presidente de uma Assembleia Municipal, V.Excelência transcende em capacidade intelectual a média mais elevada que conheço no orgulhoso "Mundo Moiteiro".

O seu artigo no Jornal da Moita impressionou-me, pois nunca li nada comparável sobre os assuntos nele tratados - a facilidade como tratou de temas como a politica de solos, o ordenamento do território e até sobre os desmandos que se verificam nos meios e espaços urbanos, deixaram-me surpreso e até estupefacto pelo modo objectivo como envolveu tais temas, com referências só possíveis por quem domina bem direito administrativo.

Mas porque nem tudo é brilhante - sinceramente, lamento o facto de ser independente, pois se tivesse sido eleito nas listas da CDU, com tal sabedoria teria impedido que o PDM contivesse tanta borrada.

F.M.I. - 28 de Junho

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O emblemático "FMI", obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos, trouxe pela voz de José Mário Branco, uma consciencialização politica, mas essencialmente social do verdadeiro sentido de ser português, da vontade de se superar, de trazer de novo o espírito de inquietação sem descanso, enquanto tudo não estiver bem. Uma clara alusão ao passado glorioso de um povo, "que não se governa, nem se deixa governar". Inicialmente escrito em 1979, "de um jorro só", "FMI" é apresentado ao público no Teatro Aberto, em 1982, num ajuste de contas com uma geração e seus fantasmas. Não se sabe ao certo qual o impacto da obra na sociedade portuguesa da altura, mas a verdade é que da geração de hoje, poucos conhecem a mensagem que apesar de ter 25 anos desde a sua primeira edição, continua extremamente actual. E assim se propõe um "revisitar" creativo,a marcar os 25 anos, por vozes de hoje, para inquietar os mesmos fantasmas que no passado atormentaram José Mário Branco, e toda "uma nação de poetas". Preço: 8€ Local: MusicBox, Cais do Sodré Mais Info: Pedro Azevedo: 91 28 98 567



“É o internacionalismo monetário,” explicava José Mário Branco na introdução do mítico “FMI”. Na verdade é muito mais do que isso. É um retrato poético e satírico de um Portugal às voltas com a responsabilidade de ser, enfim, livre. “(…) estas coisas já nem querem dizer nada, não é? Ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão(…)” Mas de facto as palavras – como “comunismo” e “fascismo” a que aqueles “ismos” se referiam – eram bem mais do que bolinhas de sabão. Eram uma ferramenta num tempo em que o futuro ainda se construía com ideias. E nesse tempo, a música tinha outro valor, outro peso e outra força.

José Mário Branco escreveu “FMI” em 1979, quando muitos sentiam já que Portugal e Abril tinham deixado de rimar, de andar lado a lado. Este foi o período em que a chamada música de intervenção se pode estender para lá das metáforas que desafiavam o lápis azul dos censores. Mas as raízes de José Mário Branco estavam no exílio, onde a sua carreira arrancou, ainda durante a década de 60. Ao longo dos anos, José Mário não se limitou a trabalhar nas suas próprias composições e emprestou o seu talento de arranjador a clássicos de José Afonso, por exemplo. O pós-25 de Abril foi período e terreno de utopias: formou o GAC, trabalhou como actor na Comuna, fez bandas sonoras para filmes e, em 1979, foi expulso do PCP. “FMI” é filho directo de todas essas experiências e muito provavelmente o resultado de uma desilusão crescente.

Mas, “FMI” só seria editado em 1982, no fomato maxi single que entretanto se tinha tornado na medida certa de uma outra revolução de palavras que do lado de lá do oceano tomava conta de Nova Iorque e se preparava para conquistar o mundo. Esta forma cadenciada de dizer textos – uns mais inflamados do que outros, naturalmente – tinha raízes fortes nas Américas (Gil Scott-Heron, Isaac Hayes e até Pete Seeger), mas também na França onde José Mário recolheu o seu próprio universo de referências (Leo Ferre…). No ano em que “FMI” foi editado, Portugal andava às voltas com o boom do rock português: os Xutos editavam o clássico “1978-1982” onde um eléctrico “Avé Maria” atentava à moral e aos bons e velhos costumes; os GNR espalhavam as suas “Avarias” pelo segundo lado inteiro de “Independança”; e Portugal, enfim, lá ia inventando a sua própria modernidade, com direito à segunda edição de Vilar de Mouros em Agosto de 82 e tudo.

E José Mário Branco? Editava “FMI”, uma espécie de “vómito emotivo” como lhe chamou Nuno Pacheco em 96. Um jorro de emoções que vão da raiva ao lamento, do grito ao sussurro enquanto se pinta um Portugal perdido, às voltas sobre a sua memória e sobre os novos caminhos que se abrem à sua frente. José Mário Branco é mordaz, violento, certeiro nas suas observações, com acompanhamento simples de viola acústica ou flauta para não distrair ninguém do verdadeiro centro desta peça – as palavras. Curiosamente, na sua edição, José Mário Branco proibia a execução pública e radiodifusão deste trabalho, talvez por causa do conteúdo severo das palavras, talvez por achar que a catarse em que tinha investido só podia ser experimentada por uma pessoa de cada vez. 25 anos depois, o mito cresceu, e essas palavras continuam a fazer pleno sentido. Entretanto, uma nova geração de autores, filhos da liberdade de 74, mas também das ideias exportadas do Bronx, também mexe nas palavras para descrever a realidade que nos rodeia a todos. E tal como no “FMI” de 82, também o que se cospe em 2007 não é bonito.

Mais informação aqui.

Adenda ao texto de um comentário anónimo: "...O pós-25 de Abril foi período e terreno de utopias: formou o GAC, trabalhou como actor na Comuna, fez bandas sonoras para filmes e, em 1979, foi expulso do PCP..."A informação é incorrecta: onde se lê PCP deve-se ler PCP(R).

quinta-feira, junho 14, 2007

Dor Crónica - Esta Doença da Escrita.

É uma dor embriagada que me corrói. Cansa! Dói escrever em todo o meu corpo. Cansa-me os braços, as mãos, o cérebro que, de alucinado na sua correria, trespassa todos os muros, todas as barreiras. Por vezes estatela-se no chão, fica arranhado, sangra e resfolega de suor cansado.
É assim o meu corpo! Perene, invisível na manhã nevoenta, sem abrigo e sem chapéu. Morde a língua no meu cais de sal. Assombro na madrugada. Fico cansado. Tenho de parar por dias, às vezes semanas. Mas a seiva cresce e tem de escorrer por todos os poros quando não aguenta mais! Por isso solta-se: travo amargo e sincopado. Dura tragédia do existir, do ver, sofrer com, morrer contigo. O poeta encalha no esteiro vazio, na manhã infiel da agudizada dor dos vivos.
Os que não possuem, os que não soletram a despedida breve de uma eternidade. Propus-me casar contigo, letra insossa do meu olhar, porto de abrigo do meu silêncio intrépido. Aos 16 anos, já resfolegava na torrente dos afectos, na ribalta do acaso simbólico e tímbrico das palavras.
Rei sem roque nem dama de companhia, percorria inusitado as caves e becos da literatura, pedaços escondidos, abertos aos poucos que lhes querem tirar as rugas da lombada, o pó de uma maquilhagem secular. Perdi-me em histórias de desencantar, em historietas e contos, lendas de um passado castrejo, altivo, feérico.
E eu que me perdesse, nas rias de novelas e ficções heróicas. Depois, os poetas de uma vida, o Portugal profundo de homens que passei a admirar. Também as mulheres, claro, deusas eternais e sinceras, musas daqueles abraços sempre por dar. Vontade de tocar, de experimentar toda a novidade do mundo. Com a minha beatitute e inibições, fui deslizando anos de vida em interioridade prazenteira, ensimensmada. Fui feliz, sabem? Ri tanto comigo e de mim próprio, besta bestial e humilíssima. A descoberta das frases, das palavras, deu-me a vontade de ser um escritor ambulante, das rotas das especiarias da literatura. Sonho aqui, pitada de ilusão acolá, e com mão sapuda e abundante, muita verdade, realismo, verismo nas desconexas frases. Depois, muitas viagens, da mente, do olhar, dos sabores e cheiros, dos corpos. Dos dias excelsos, das vaidades fingidas, dos futuros pintados da cor da dúvida.
Assim cresci e resisti! Às doenças, aos frutos serôdios e mais que maduros e quiçá apodrecidos na lassidão dos dias enfezados. Muitos dias de ausência, sem ninguém me ver, perdido comigo, perdido na aprendizagem das escolas, mas também na vida. Sempre a estudar, a querer aprender a ser homem, mas a esboroar a paciência dos familiares, dos amigos, dos amantes incautos e surpreendidos. Fiz escolhas, segui pisadas de risco e turbulência. Ainda não cheguei a lugar algum. Ainda me perco no olhar de quem me queira compreender e amar. Amo tão delicadamente a natureza como o pássaro ama a sua liberdade.
E agora? Porquê tanto alarido? Tantos caracteres escritos, tanta inquietação, tanta vontade de dizer algo! Que surpresa me reservo a mim mesmo? Que fantasia paira no ar, no teu cabelo?
Talvez a amargura de nada ter vencido, nada augurar de bom, não para mim, para os outros, por sentir fugir a areia fina da idílica praia ensolarada e vazia, só para nós, para os amigos da paixão, do desejo, da memória, do sonho feito com saudade.
Confusos? Também eu! Confuso na minha impassível e desconhecida escrita, nos lugares labirínticos que quase ninguém quer conhecer. Escrita oca, vazia de conteúdos?
Que mundo procura o sucesso? Que mundo procura a arte e o amor?
Procuro a voz perfeita, a calma, o sorriso ingénuo, a maresia com sonho!
Procuro-te sentido desperto, memória infinita, poesia com a diferença de seres tu: eu mesmo!

Tum Tá Tum Tá

quarta-feira, junho 13, 2007

100 Anos de LUTAS - O outro lado da CUF

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«Passam em Junho de 2007, 100 anos sobre a compra, no Barreiro, pelo industrial Alfredo da silva, dos terrenos onde, em 1908, estariam a funcionar as primeiras instalações do que veio a ser a CUF do Barreiro, o maior complexo industrial do país até há alguns anos atrás.
A assinalar tão significativo evento anunciam-se comemorações várias.

Por um lado, as comemorações oficiais que vão ser levadas a efeito pela Câmara Municipal do Barreiro, pela família Mello (os descendentes do grupo Mello, grupo financeiro que sucedeu a Alfredo da Silva e primeiro patrão da CUF) e pela Quimiparque.

Por outro lado, é indispensável que não fique por convocar a Memória do "outro lado" da CUF e do Barreiro. A Memória das lutas operárias da CUF de 1919 e 1920 ou das greves de Julho de 1943, durante o fascismo; a Memória do que foi viver, durante muitos anos, num Barreiro envenenado pela poluição fabril ou ocupado pela GNR, aboletada nas próprias instalações da CUF; a Memória do que foi o grupo Mello, das suas estreitas ligações com o regime salazarista ou da sua colaboração com a polícia política na persiguição e prisão dos que denunciava como "agitadores" e "subversivos"; a Memória da luta da oposição antifascista barreirense no MUD do pós-guerra, nas eleições presidenciais de 1958, na CDE de 1969 e do ocaso marcelista. E também sobrará espaço para reflectir sobre o Barreiro depois da CUF: o Barreiro da especulação imobiliária ou das pessoas e da sua aspiração a uma cidade digna de ser vivida?

É nesse "outro lado" das comemorações dos 100 anos da CUF que o Bloco de Esquerda se propõe participar. O programa de comemorações que o BE leva efeito entre Junho de 2007 e Maio de 2008 - colóquios, exposição, concerto, teatro de rua, etc...- pretendeser um contributo, seguramente entre muitos outros, para convocar a História a construir o presente e o futuro.

Porque ninguém é dono da Memória,
Porque a Memória é direito de cidadania, de todos,
Porque a Memória é construção do futuro,
Vem celebrá-la e discutila connosco. Em liberdade.»

Podem consultar o programa aqui.
Do Bloco de ...-NOTAS!

Louvo este "outro lado" da CUF e não o da Câmara do Barreiro associada ao grupo Mello.

terça-feira, junho 12, 2007

Aproxima-se mais a Cangalheiro...

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....do que a Ministro da Saude.

(from Kaos)


S/Esgrima Politiqueira

A propósito da esgrima Luís Nascimento/Vitor Pereira travada nos Jornais locais, e muito referenciada em alguns Blogs do Concelho, apetece-me escrever o seguinte:

- Luís Nascimento, figura que se tornou conhecida sem recurso ao facto de ser Vereador pelo PSD na Câmara da Moita, mostrando assim a sua modéstia no exercício do cargo para que fora eleito, deu um salto tornando-se conhecido, quando a população descobriu-lhe as exclusivas vias de acesso ao espaço celestial, que tão bem sabe usar. Falar com as Estrelas, ler as suas mensagens, não é para todos. Suponho mesmo que foi a Estrela Polar que lhe indicou o norte, o aconselhou a combater o PDM e a fazer deste o seu trampolim para saltos maiores - o seu esforço em tornar-se um expert na matéria tem sido evidente, não perde uma, fez de facto a intervenção menos esquecida, na Conferência que se realizou sobre politica de solos.

Enquanto outros se "perderam" formulando ideias para uma politica que regulamente de forma eficaz, obstaculizando o desatino que por este país e particularmente neste Concelho se desenvolve, o Srº Luís Nascimento inspirado pelos Céus e adoptando o novo estilo "simplex", aligeirou tanto, que os mais atentos perceberam que no seu pregão estratégico, os PDMs são uma chatíce, caindo assim sem tempo de ler as Estrelas, no Buraco Negro que o PSD promove em todo o lado. Falsa modéstia, trêtas em discurso "agitador".

- Vitor Pereira, que pelo que conheço não anda à procura de nada, vai não volta lá escreve procurando com o seu activismo "desbroncar"em favor do bem e da justiça pela bitola marxista.
Desta vez não "desbroncou", nem sequer foi marxista.
Ao analisar os desmandos ocorridos na edilidade, socorreu-se de informação não fornecida por aqueles que indisfarçadamente quis defender, mas exactamente pela informação daqueles que indisfarçadamente quis atacar.

O seu esforço na busca de contradições, levou-o a um rosário de disparates que cercou-lhe a mente, impossibilitando-o de encontrar a verdade - quando sabe que factos não são opiniões, tentou com opiniões confundir factos.

Não passou de uma vã e triste tentativa protectora de gente, que desde à muito mandou ás malvas a ideologia.

Gigafraude

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Não são horas para o comum dos mortais estar acordado, sobretudo na véspera dum dia de trabalho. Mas, uma vez por outra, todos assistimos a uma daquelas sessões de anúncios e vendas em directo pela TV. O processo está de tal modo profissionalizado que há canais nas redes de cabo dedicados exclusivamente a este tipo de vendas agressivas. Claro que só assiste quem quer. Mas a coisa foi muito bem estudada e funciona. Como não podia deixar de ser, tudo começou na América: a quase totalidade desta programação global é dominada por agências publicitárias made in USA.

Há pouco mais de um ano, um familiar meu encomendou uma daquelas máquinas de ginástica que fazem maravilhas ao corpo. E fê-lo sem qualquer preconceito, até porque experiências anteriores de televendas nunca tinham corrido mal. Desta vez, porém, o artigo não satisfez. Seguindo instruções muito claras do vendedor, procedeu à sua devolução no prazo de quinze dias, com a garantia de que o dinheiro seria integralmente devolvido através de depósito na conta – bastava indicar o NIB…

Começou aí a odisseia que está longe de terminar. Para encomendar basta ligar o 700 200 404, a qualquer hora do dia ou da noite. Em poucos dias o produto chega a casa, com a opção de compra a pronto ou a prestações – sabendo o que sei hoje, recomendo as prestações, ao menos só se perde a primeira… A empresa em causa dá pelo nome de GigaShopping.tv. Como o dinheiro nunca mais era devolvido, o meu familiar começou a telefonar para o número de apoio ao cliente: 219 856 119, mas este estava sempre interrompido, ou ninguém atendia, ou ia parar ao fax…

Ao fim de meses de desespero, recorreu ao serviço de apoio ao consumidor da Câmara Municipal de Beja que – disso sou testemunha – tem ajudado a resolver inúmeras reclamações. A técnica fez todas as tentativas de contacto para a morada, telefone e fax indicados na publicidade da empresa, sem obter qualquer resposta. Comentei com os meus botões: “é preciso cuidado com estes gajos…”.

Diz-se que à primeira qualquer cai, à segunda cai quem quer… O caricato é que uma noite acordei estremunhado, ao som da televisão que me tinha esquecido de desligar. Antes de ter tempo de deitar a mão ao comando, dei com os olhos numa vistosa tenda azul que, a princípio me parecia de campismo; mas não, era um secador de roupa, de nome “AIR-O-DRY”, à americana! Além de secar a roupa, as camisas ficavam enfunadas e nem precisavam de ser passadas a ferro. Uma autêntica dádiva dos céus! Com a lucidez própria das quatro da madrugada, telefonei para o 700 200 404 e confirmei a encomenda – a pronto, já que a tenda milagreira custava pouco mais de 100 €!

A única coisa que consigo alegar em defesa da minha sanidade mental, além da hora tardia, é que desconhecia o telefone e o nome da firma – a mesmíssima GigaShopping – que se tinha esquecido de devolver o dinheiro ao meu familiar. E fi-lo, claro, com a autoconfiança de “quem já tem muitos anos disto – a mim não me enganam eles…”. Que ideia! A dita tenda era minúscula e o ar quente, soprado por uma espécie de mini secador, escapava-se pelas fendas… E lá devolvi o artigo.

Desconfiado, confirmei que se tratava da mesma empresa. Assim, em vez de fazer a devolução pelo correio, resolvi ir pessoalmente a uma loja da GigaShopping, por sinal de muito bom aspecto, na Rua Ilha dos Amores, junto à esquadra da PSP no parque das Nações, em Lisboa. Fui atendido com a maior simpatia, mas ali não se aceitavam devoluções, só no serviço de apoio ao cliente, em Lousa. Decidido a provar até à última gota deste cálice, segui pela A8 para Lousa e fui até ao Carrascal. Não vendo nenhuma identificação da GigaShopping, resolvi perguntar num stand de automóveis usados. Com um sorriso, responderam-me: “É ali por trás”.

E era: escondido numa escarpa da encosta, um barracão imundo, cheio de artigos presumivelmente devolvidos – o dinheiro é que não! Além do ladrar dum cão e dum segurança avantajado, nada se ouvia. Perguntei pelo “serviço de apoio a clientes” e lá veio uma funcionária que, depois de alguma surpresa – “como é que o senhor aqui chegou?” – aceitou a tenda e me passou a guia de devolução, atestando: “produto completo e em perfeitas condições”. Confrontada com o caso do meu familiar, a diligente funcionária afirmou desconhecer as causas mas prometeu que o caso iria ser resolvido, tal como o meu. Incrédulo, pedi a morada da sede da empresa, para falar com alguém responsável. Confesso que a resposta já nem me surpreendeu: “isso é que eu não lhe posso dizer…”! Insisti: “então trata-se duma empresa clandestina?”. “Isso não lhe posso dizer…”

Passados quatro meses, tudo continua na mesma, excepto a senhora que me atendeu e que terá sido despedida – talvez por ter “falado demais” ou me ter dado o telefone directo do serviço de apoio a clientes. Afinal, quem não respeita o consumidor, porque haveria de respeitar os seus trabalhadores? Há negócios perfeitos: perdido na economia global, um barracão escuro cheio de artigos devolvidos e milhares de clientes que vão perdendo a paciência, mas também a esperança de ser indemnizados. Entretanto, todas as madrugadas, eles passeiam-se impunemente nas televisões: 700 200 404.

Citando um anúncio em voga, eu diria que é um negócio quase perfeito: aqui deixo o aviso a outros incautos; e, pela minha parte, não descansarei enquanto não for desmascarada esta Gigafraude.

segunda-feira, junho 11, 2007

BRUXARIA na CÂMARA da MOITA ...

Sem qualquer informação da Judiciária que investiga o caso do assalto ao edificio da Câmara, por outras fontes tive a indicação que a Quadrilha de Larápios que levaram uns quantos discos rígidos dos computadores, pertencem a uma seita religiosa que persegue e combate todos os defensores de doutrinas Teofísicas.

Neste caso, supõe-se que aquela seita espevitada pelas notícias dos jornais sobre o PDM, entendam que este Concelho está a ficar embruxado pelo efeito do fenómeno da Encarnação, que inevitávelmente descambará na Reencarnação.

A ser isto, é possível que o interesse em roubarem discos rígidos, seja para investigarem a existência ou não de Ruins Encarnações.

Trata-se de uma situação muito grave, tão grave que arrisca o envolvimento celestial - as Ruins Encarnações, foram proibidas no concílio de Constantinopla no ano 680.

domingo, junho 10, 2007

Disparates & Disparates

Alguns dos blogs deste Concelho e nomeadamente no Banheirense, têm surgido várias postagens que induzem em comentários disparatados sobre a Greve de dia 30, facto que acaba por servir todos os que ontem, hoje e amanhã, por força de opções ou preconceitos nunca apoiarão uma greve.

Escrevam e digam o que quiserem, mas a Greve de dia 30, foi e ainda bem que assim é, decidida pelos Sindicatos, organizações que quer gostem ou não são propriedade dos trabalhadores seus filiados - aquela jornada de luta foi decidida e aprazada por 140 Sindicatos, sem que todos sejam filiados na CGTP-IN.

O único representante de trabalhadores que me incomodou com as declarações que fez aos jornais, quando ainda decorria a Greve, foi o Srº Chora da AutoEuropa: quer pelo momento escolhido; quer pelo despropósito dos argumentos que usou.

Em relação às organizações partidárias, de cujas atribuições não constam a convocação de greves - observei e li cartazes, jornais e panfletos nomeadamente do PCP e do BE, o suficiente para perceber o empenhamento mobilizador destas organizações em relação à Greve. Complemento activo, legal e legitimo que a Constituição garante e a liberdade aconselha.

Posteriormente, as análises e declarações que cada dirigente partidário decide fazer, interessam-me, mas não as valorizo - valorizá-las significaria resvalar para a tentação de dizer aos Sindicatos o que devem de fazer.

O que me interessa, são os 13% que o Governo e a sua Secretaria de Estado UGT indicam de adesão, permitirem em próxima virada, demonstrar que em Portugal existe gente que luta, que não se resigna.

O resto são trêtas, são Disparates & Disparates.

Não sou eleitor em Lisboa,

mas se fosse votaria em Ruben de Carvalho ou em Sá Fernandes - no primeiro porque correspondendo ao universo ideológico que perfilho, conheço bem as suas capacidades, dedicação, coragem e honestidade em tudo o que se envolve, é um COMUNISTA.

No segundo pela postura enquanto vereador, marcada pela coragem e honestidade demonstradas naquele lamaçal que afoga a edilidade alfacinha.

Nunca votaria em Helena Rosêta, que só se candidatou porque não obteve o apoio do PS, requerido em carta que dirigiu a Sócrates.

Nunca votaria no Costa, não por não ser o "Costa do Castelo", mas por ser ex-ministro do actual Governo que hostiliza a classe a que eu pertenço.

Nos outros, não preciso de explicar pois naturalmente já entenderam.

sábado, junho 09, 2007

Não divulgaram "a Bosta"

O edifício da Câmara da Moita foi assaltado em pleno dia.

Cerca de vinte larápios discretamente envolvidos no movimento diário daquela Instituição, entraram nas instalações encapuçando-se, para em louca correria ocuparem posições estratégicas com pistolas e metralhadoras em punho: gerou-se o pânico entre funcionários e utentes que lá se encontravam, ouvindo-se gritos e até vários desmaios a par de intempestivas diarreias que obstruiram os sanitários. A barafunda e o temor foram enormes, o receio de tratar-se de uma acção terrorista, esteve presente na mente da maioria dos que lá se encontravam.

Num ápice tudo mudou, tudo acalmou: bastou o Presidente com a sua reconhecida coragem e trankilidade, fornecer aos larápios uns quantos discos rígidos dos computadores, para que abandonassem o edifício tão discretamente como tinham entrado.

Tudo isto aconteceu sem que os transeuntes da Praça da República e até a PSP, mesmo ali defronte, se tivessem apercebido deste estranho e misterioso assalto operado por aquela Quadrilha. Não falta assim quem se interrogue e especule sobre as motivações dos larápios, isto apesar de passadas poucas horas a Polícia Judiciária ter iníciado as investigações.

De tudo isto é de destacar a coragem e trankilidade com que o Srº Presidente os enfrentou, quebrando de imediato o pânico instalado. Neste momento e merecidamente, colhe o maior respeito e admiração de todos os funcionários da Instituição, subindo pontos na opinião pública moitense.

- Viva o Srº Presidente da Câmara!

terça-feira, junho 05, 2007

Ontem Era Tarde...

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...Mas mais vale tarde que nunca!!!
Ao que parece a P.J. finalmente debruçou-se sobre os Paços do Concelho da autarquia.
Como já vinhamos estranhando a falta de comparência da IGAT, depois de ter sido feito um pedido de inspecção à autarquia, hoje no Correio da Manhã entendi o porquê de tanta demora: "(...)Um cenário que impossibilita a IGAT de investigar as denúncias que chegam praticamente todos os dias sobre irregularidades existentes nas Câmaras e Juntas de Freguesia.(...)"
(faz de conta que acredito, porque até pode ser possível com este Sr. Engenheiro, mas não me cheira, a celula não anda a dormir).
Eis que afinal a Judite atirou-se de cabeça à coisa (relata o Rostos), claro que depois de tanto burburinho não acredito que os hackers da C.M.Moita se deixassem papar.
Influências e peculato???
A ver vamos se o "Ernesto Desonesto" mora por cá.

segunda-feira, junho 04, 2007

Estou preocupado com a liberdade de expressão

As entidades Peruanas a mando de Alan Garcia recentemente fecharam dois canais de televisão e três estações de rádio: Canal 15, Canal 27, Rádio Ancash, Rádio Miramar e Rádio Armonia.

Por cá, decorre um processo disciplinar a um professor por ter em privado proferido um comentário depreciativo sobre o 1º Ministro.

A CNN ao mostrar a marcha de Caracas contra o encerramento da RCTV na Venezuela, manipulando, mostrou uma poderosa manifestação que ocorreu no México, em Acapulco, tratando-se de um protesto pelo assassínio do jornalista, Amado Ramirez da Televisa, abatido pelas balas do regime de Felipe Calderon. Triste figura a do locutor, dizendo que estava em Caracas.

A SIC pela mesma bitola e a propósito da RCTV na Venezuela, não mostrou a outra manifestação que também decorria em Caracas, preferindo a dos bétinhos enfeitados com bandeiras americanas.

No espaço da UE, a RAI foi recentemente impedida pelo Governo Italiano, de transmitir uma reportagem sobre os crimes sexuais praticados pela Igreja.

São factos preocupantes.

domingo, junho 03, 2007

Boa Decisão

O 1º Ministro, Srº "Engenheiro" Sócrates, anunciou ao País que o acesso aos computadores e á banda larga, em breve estará ao alcance de todos.

Reafirmo - considero tratar-se de uma excelente decisão.

Mesmo desempregados, tesos e pobres é importante não ficar de fora da revolução tecnológica, sequer ao menos um cheirinho. Com isto não pretendo desvalorizar o alcance da medida, pois estou convicto que tal irá permitir a muitos, alargar conhecimentos e abrir horizontes, numa diversidade que no plano profissional alargará a polivalência, como capacidade e recurso individual á adaptação a diferentes actividades.

Sem dúvida importante.

Mas a contradição, a monstruosa contradição está nos outros discursos do Sr "Engenheiro", quando aceitou discutir o desemprego aligeirando as responsabilidades do seu Governo, chegando ao rídiculo, de usar os indíces percentuais ao jeito de se perceber, "se a garrafa estava meio cheia ou meio vazia" no dia em que tomou posse. A frieza demonstrada, traduziu não ter ainda interiorizado que áqueles números correspondem pessoas, famílias, cada uma com o seu drama.
Tão grave como isto, foi a persistência em gerar expectativas martelando na ideia de que o ténue crescimento económico é o sinal de que o emprego irá aumentar, quando sabe que já foi assim mas infelizmente não voltará a acontecer - poderá temporalmente baixar umas décimas, que servirão que nem ginjas na sua habilidade mediática, mas o flagelo do desemprego veio para ficar.
A estrutura produtiva no nosso País foi deliberadamente destruida nos ultimos 20 anos, sem alternativas - a maioria dos fundos comunitários relativos ao sector produtivo corresponderam na maioria dos casos a iniciativas mal sucedidas, sem sustentabilidade e fraca capacidade empregadora, sem contar com o festim de cambalachos e outros desmandos que se verificaram.

Hoje o atraso é enorme, colocando Portugal como exemplo evidente da latente crise paradigmática do capitalismo, - valha-nos por ora o chapéu da UE!
O actual modelo está esgotado, a modernidade que corresponde ao actual modelo de desenvolvimento, já não traduz mais emprego, mais bem estar, mas apenas mais desemprego, mais desigualdade e maior pobreza, o que no plano politico se traduzirá - mais cedo do que tarde em tentações de muscular o processo democrático, por exemplo atentar contra o direito à greve.

Usando a frieza do Srº"Engenheiro Sócrates, pelos seus trejeitos angélicos-arrogantes, convicto
que está no seu rumo - tenho ganas de ver-lhe a cara, quando um dia observar uns quantos cidadãos envolvidos em caixotes de papelão, ao abrigo de uma ponte entretidos com os portáteis que por aí vão distribuir.

A Greve de 30 de Maio

Conforme a opinião da maioria dos cronistas e editorialistas dos orgão da comunicação social, foi um fracasso. Para o Governo a adesão ficou pelos 13% pela indicação da sua Secretaria de Estado UGT e do respectivo Secretário João Proença.



Todos no uso de diferentes bítolas, esgotaram-se em comparações com outras greves em outros tempos, extrapulando cada um a seu jeito para a unânime conclusão de que a greve foi um fracasso.

Tomando a sério os argumentos usados, detectam-se graves lacunas, pois intencionalmente ou não, esqueceram-se de considerar as profundas alterações ocorridas no País desde a última greve geral, tais como:



- a destruição do aparelho produtivo no decorrer das duas últimas décadas e suas incidências no tecido social e na organização dos trabalhadores;

- a generalização da precariedade laboral, a par da sucessiva desregulamentação e consequente fragilização dos vínculos contratuais existentes;

- alterações a todo o sistema de emprego que antes existiu.



Mediante isto, esqueceram assim e deliberadamente todas as incidências nefastas que tais factores têm na vida e comportamento social das pessoas, dos trabalhadores envolvidos no actual sistema de emprego, caracterizado pela insegurança.



Deste modo as omissões, mentiras, pressões e provocações, multiplicaram-se na criação de um ambiente propenso à proliferação da ideia - de que não vale a pena lutar, de que nada disto tem sentido, na velha busca dos detentores do poder em conseguirem instituir na sociedade, o conformismo e a apatia em relação às políticas prevalecentes.



Mas por muito que pintem, a realidade é a que é - a greve foi convocada por 140 Sindicatos, estiveram envolvidos na sua preparação milhares de activistas, realizaram-se mais de 7000 plenários a par de milhares de acções de esclarecimento.

A Greve Geral, foi assim na actual conjuntura política e no presente sistema de emprego, uma acção poderosa - não foi total como em parte alguma o foi ou será, como alguns ideólogos exigem que fosse, não escondendo simpatia pelas teses de Sorel sobre o assunto, decidido apoiante de Mussolini. Tudo lhes serviu e serve.



A Greve foi de tal forma poderosa, que bastariam os 13% que o Governo diz prolongarem a greve pos dois dias, para que aquela quadrilha de trajantes, Ministros e Secretários de Estado, perderem o controlo e recorrerem à violência, como por diversos actos no decorrer do dia 30 demonstraram ter vontade.



Neste País, onde a modernidade significa o sucesso individual, onde se desenvolve a cultura do "Chico Esperto", onde se promovem os delactores, onde o comportamento perante o poder é a obediência, a submissão e o medo, - tudo acabaria normal nesta anormalidade civilizacional, não fosse a CGTP-Intersindical Nacional, lembrar e actuar no sentido de combater a resignação, de que a luta não acabou, de que a Luta Continua!